terça-feira, 25 de setembro de 2012

50 Tons de Polêmica e Preconceito

Sinceramente, não compreendo o drama e a comoção negativa e ultra feminista em torno da trilogia Fifty Shades of Grey. O que há de tão absurdo, abusivo, violento e machista pra que o livro seja tão achincalhado pelos intelectuais, se, paralelamente, é um sucesso de vendas inegável?


Deixa ver.

Universitária recém-formada se apaixona por empresário bem sucedido e bonitão. NOSSA QUE SURREAL, NÃO É?! Acontece todos os dias com meio mundo por aí. Afinal de contas o poder atrai (e eu podia citar vários filósofos pra corroborar isto), homem de terno é a coisa mais elegante do mundo, e que atire a primeira pedra a garota que nunca teve um fraco por um superior qualquer da firma. Oi? É, não vejo ninguém.

O cara, além de bonitão é inteligente, bem sucedido, gosta de arte e tem gosto refinadíssimo para tudo. BAAAAM! Nós mulheres queremos mesmo um cara que não consegue atingir UMA meta na vida, que passa o dia no sofá assistindo Two and A Half Man e se veste que nem um jacu. AHAM. SENTEM LÁ, FEMINISTAS.

A menina é virgem aos 21 anos. MEU DEUS QUE ABSUUUURDO SEM FIM, NÃO É!? Bonita, inteligente, recém-formada e VIRGEM? Isso é um disparate social, não existe! Olha, eu não sei em que mundo vocês vivem, mas aqui no meu mundo, a.k.a Planeta Terra, Brasil, São Paulo, eu conheço pelo menos TRÊS meninas na mesma situação: bonitas, inteligentes, espertas, recém formadas e VIRGENS. Perfeitamente factível, portanto.

O cara é meio misterioso e introspectivo, deve ter tido um passado difícil, mas mesmo assim tem uma personalidade e um modus operandi atraente. OUTRO ABSURDO, PORQUE HOMEM BEM RESOLVIDO É O QUE A GENTE MAIS ENCONTRA NA RUA, NÉ, TÁ CHEIO!!! Só que não.

Então recaptulando rapidinho: recém-formada, virgem – provavelmente por fazer um huge deal em torno do tão debatido hímen, o que é recorrente mesmo no séc. XXI – vai entrevistar boy magia bem sucedido de terno e gravata e se interessa pelo papo e pelo jeitão não-deixe-sua-filha-perto-de-mim-porque-eu-sou-foda. NOSSA QUE COISA MAIS SEM PÉ NEM CABEÇA, NÃO É?
Não é clichê porque é SURREAL, é clichê PORQUE ACONTECE TODOS OS DIAS!

Aí o cidadão é adepto da comunidade BDSM e se identifica com o papel de Dominant. Quando ele te conta isso você acha tudo supernatural, certo? É, não. Quando um antigo parceiro me contou que sua primeira memória sexual continha “uma moça nua pendurada por uns cabos, de ponta-cabeça em um galpão”, a minha primeira reação foi levantar da cama, vestir a calcinha e iniciar uma enxurrada de perguntas.

Depois deste início, o que vem a seguir é a descrição de um início de relacionamento inserido no contexto BDSM, que pouquíssima gente conhece, em que o Dominant é “velho de guerra” e a candidata a Sub é completamente leiga. Logo, é a história de um casal tentando adaptar o relacionamento a uma forma diferente de viver a sexualidade – o BDSM – de acordo com a realidade e os limites de cada um.

Não consigo enxergar onde é que está o elemento machista e abusivo do livro. Se Anastacia fosse uma Dominatrix ao invés de submissa, o livro seria considerado feminista? Oi? 

E outra coisa, relação abusiva não tem porra nenhuma NADA a ver com BDSM! Relação abusiva é aquela em que uma Parte denigre a outra (física ou psicologicamente) com a finalidade de obter controle sobre o outro através do MEDO. Em uma relação abusiva não há consenso!!! O alvo do abuso apenas “compactua” silenciosamente porque há uma fusão emocional dos conceitos de medo e amor. Pessoas que se encontram neste tipo de relação precisam de ajuda de um terapeuta e do apoio da família para egressar de um ciclo vicioso e este é um processo de desenvolvimento pessoal lento e doloroso. Portanto, dizer que BDSM é abusivo é PRECONCEITO e falta de informação.

O que há ali é uma relação D/S, cuja a proposta é que haja uma troca erótica de poder que pode ou não envolver dor, submissão e jogos psicológicos. Sim, são condutas que fora do contexto erótico podem ser consideradas desagradáveis, mas no contexto BDSM, elas só ocorrem caso haja consentimento mútuo entre as Partes – e quem leu o livro ou qualquer resenha que esteja rolando aí pela blogosfera, sabe que há a discussão de um contrato não judicial, mas um acordo entre Anastacia e Mr. Grey, que só será assinado quando os limites ne expectativas de cada um são discutidos a exaustão. O intuito deste tipo de relação é que o prazer de ambos seja garantido.  Então, não, BDSM NÃO É ABUSIVO. Aliás, a comunidade BDSM se apoia sobre a ideia de que todas as práticas devem ser SÃS, SEGURAS E CONSENSUAIS. No caso dos personagens, a relação D/S se dá num contexto 24/7, e é por isso que Mr. Grey define o que Anastacia veste ou come, a que horas ela dorme e quando se exercita.É importante frisar que, apesar de nem todas as relações D/S envolverem sentimentos, alguns casais que passam a se relacionar neste contexto desenvolvem laços muitíssimo fortes de respeito e confiança.


Ah, mas porque do sucesso e da montanha de críticas?

Porque o referencial de relacionamento amoroso adotado pela sociedade, historicamente, é a Monogamia. E a relação D/S que Anastacia mantém com o Mr. Grey é monogâmico em todos os seus céus e infernos. A monogamia, o Complexo de Cinderela e todo o bla bla bla que envolve a ideia de romance (e o contrato social embutido nesta ideia) formam o referencial da sociedade. PORTANTO, A MONOGAMIA VENDE, PESSOAL.  Não importa se você rompeu com este modelo e ele não faz mais parte da sua vida. Não importa se você acredita que a monogamia só é bem sucedida dentro de um contexto específico. Não importa se você acredita piamente no modelo monogâmico. A MONOGAMIA VENDE, e se isso te deixa fulo da vida é problema seu.

Em tempos em que são incessantemente discutidos conceitos como o de Emancipação Masculina, a Desconstrução do Gênero, a 2ª Revolução Sexual, e o Neo Feminismo, é lamentável que haja uma interpretação tão pobre, desinformada e preconceituosa de um livro que não é nenhuma obra de arte literária, mas que expressa, sim, o espírito de um tempo.

Um tempo em que as pessoas buscam dentro do que lhes convém e de acordo com suas respectivas bagagens, novas formas de se relacionar – principalmente se incluir a possibilidade de não negar o referencial monogâmico – de compreender e expressar a própria sexualidade. Um tempo em que as mulheres enfrentam o desafio de conviver com a emancipação tardia do sexo oposto, um tempo que o gênero masculino entra em processo de revisão. Para entender Fifty Shades of Grey e não dizer barbaridades por aí, é preciso compreender o mundo em que se vive, é preciso respeitar e aceitar a diversidade e mais do que tudo é preciso ser capaz de se despir do preconceito e do extremismo, seja lá qual for a tua visão de mundo.

A polêmica é legal. Mas a polêmica por si só é enfadonha e burra.  


PS: Se o livro te deixou interessada (o), leia bastante a respeito do assunto, entenda que tudo é completamente adaptável e tenha em mente que quando mais desejo, respeito e confiança houver entre o casal, mais prazerosos serão as práticas de qualquer conduta ou a realização de qualquer fetiche.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A Monogamia e Menina Má


Recentemente, sentada no divã da minha querida terapeuta, me ocorreu questioná-la sobre qual o assunto de maior recorrência em todos esses anos de prática da psicanálise. A resposta veio certeira e cortante: A SOLIDÃO.  
As pessoas estão sozinhas, e a solidão não escolhe gênero, nem classe social, ou profissão, ou escolaridade. Não quer saber se você é linda e magra ou se está preocupadinha com os quilinhos a mais que enxerga no espelho e aquela calça 40 que não quer entrar, nem se você deitar na cama e murchar a barriga.

A Solidão das Massas - Claudia Rogge
Quando Mario Vargas Llosa escreveu “As Travessuras da Menina Má”, a meu ver, não falava a respeito do amor. A “Menina Má” do Mário é a tal da Solidão, que está aí e não está nem aí pra você.
Homens e mulheres andam cada vez mais sós, ainda que acompanhados. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer – ou se pegou dizendo – que apesar de ser bonitinha (o), inteligente e easygoing, não encontra ninguém pra chamar de seu? Ou que os relacionamentos se tornaram cada vez mais efêmeros e superficiais?
O problema é que o mundo se amarrou a paradigmas de outros tempos, que não se encaixam nos rumos que a humanidade tomou para si. A sociedade patriarcal caiu por terra: o conceito de família é cada vez mais diverso e maleável. O anticoncepcional, a beat generation e a minissaia se encarregaram de trazer à tona o grito de uma geração por uma liberdade que os permitisse reformular os valores da sociedade e talvez deixa-los mais de acordo com as mudanças que se apresentavam no horizonte dessa nova estrada. As mulheres queimaram os sutiãs, abraçando para sempre a autoridade sobre seus próprios destinos.
E ainda assim, depois de tudo isso, HOJE, que a informação atravessa o mundo em questão de segundos, o que é que a gente faz? Se agarra nas expectativas dos outros (e o inferno são eles), desce o verbo na gatinha (ou na fofinha) que posta foto no Lingerie Day “porque quer  mostrar que é gostosa pra todo mundo”, sofre do complexo de Cinderela e acredita que existe um príncipe encantando feito sob medida – como se fosse um sapatinho de cristal e não uma pessoa – para gente, e ainda tem a pachorra de criticar quem exerce o direito pessoal e intransferível de se relacionar com quem bem entender, durante o tempo que quiser, sem submeter-se a posse deste (a) ou daquele (a). Nunca fomos tão caretas.
Na boa, galera, Jaques Kerouac se revira no túmulo. 

A matemática do amor (ou seja lá o que você estiver sentindo) e a falência da monogamia.


Imagine que você e seus interesses formem o conjunto A e, portanto, seu conjunto está inserido em um universo, onde existem inúmeros conjuntos. Quando você se relaciona com alguém, seu relacionamento pode ser considerado uma intersecção entre dois conjuntos: você COMPARTILHA com a outra pessoa uma determinada gama de interesses.
Ora, tanto você quanto o outro são donos de outros interesses incomuns, que permanecem fora desta intersecção. Logo, é perfeitamente cabível que você crie intersecções com outros conjuntos – e mantenha, assim, interesse por diversas pessoas ao mesmo tempo. Em termos de amor, isso não implica que você ame mais esta ou aquela pessoa. São relacionamentos inteiramente diferentes e incomparáveis. Até que...
Você prova o sabor do veneno da monogamia: A POSSE.
O problema dos relacionamentos – e não é de hoje! – é que as pessoas ultrapassam os limites da intersecção entre os conjuntos, e invadem a individualidade dos companheiros sem pedir licença, como se aquilo fosse direito adquirido: você transa, bate um papo e divide algumas coisas com a pessoa, então PRONTO!, ELA É SUA e você tem direito ao monopólio do território amoroso. Tem gente que faz ALOCA e quer monopolizar o território inteiro. É aí que se deixa de COMPARTILHAR para DOMINAR. Abre-se mão da INTIMIDADE em prol da CONQUISTA. Bate-se o pé e exige-se FIDELIDADE, quando o que deveríamos construir se chama LEALDADE.
É assim que LAÇOS se transfiguram em NÓS APERTADOS. Na busca pela liberdade de se ter a si mesmo, sem a obrigação de pertencer a outrem, as partes se afastam, pois o peso da co-paixão se torna insuportável a ponto de levar a crer que o diálogo é incapaz de devolver a leveza. Os casais se tornam Tomas e Tereza – como em “A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera – ao retornarem à Praga: de frente um para o outro em plena sala de estar que mais parece um deserto morto e coberto por neve.
A monogamia, portanto, é ponto de partida para o pior tipo de Solidão: Aquela que se instala entre duas pessoas, que se faz sentir ainda que fisicamente acompanhado, que torna perceptível o abismo entre duas almas, que torna a intersecção entre o seu conjunto e o do outro algo insignificante e nonsense.
No último ano, presenciei as torturas de um relacionamento em frangalhos, em que as partes negam a própria individualidade em prol de uma relação de interdependência. No papel de amante, tão achincalhado pela sociedade, pude perceber o quão mais cômodo era para o cara abraçar uma traição que já durava a metade do tempo do namoro com a garota do que procurar a devolução do EU através do diálogo. A o diálogo deixa de ser alternativa em função do medo de deteriorar o NÓS.
Estar no papel de “Outra” refrescou minha perspectiva do mundo, das pessoas e da Solidão. Mais do que nunca, passei a acreditar que apenas quando abraçamos a viajem de nós a nós mesmos – como já escreveu Drummond – é que se torna possível um relacionamento saudável. É só nestas circunstâncias é que nos tornamos capazes de decidir qual é a definição mais apropriada de amor, paixão, e relacionamento pra nós mesmos.
O maior erro que nós seres humanos cometemos, é, com tanta liberdade e informação em nosso poder, nos prendermos a convenções sociais, morais ou religiosas que não necessariamente vão de encontro com a nossa essência. O romantismo pode ter sido construído em cima do conceito CONTRATUAL que alicerça a idéia de monogamia, mas nós temos o direito de acreditar que não são necessários contratos para AMAR A UMA OU MAIS PESSOAS. Regulamentar o amor, a paixão e o romance, foi definitivamente o maior erro da humanidade. É tão sem sentido que parece piada.
Enquanto sairmos pela noite buscando “o que tem pra hoje”, ficarmos com “o que tem pra hoje”, namorarmos “o que tem pra hoje” e PELO AMOR DE DAS NOSSAS RESPECTIVAS PROGENITORAS!!, nos CASARMOS “com o que tem pra hoje”, apenas para enganar temporariamente a Solidão, mais a Menina Má se infiltrará em nossas vidas e nos surpreenderá com suas travessuras.
Aproveitemos todas as possibilidades, as delícias e as dores de sermos nós mesmos, de acordo com o que nos convém.
FAÇAMOS O QUE QUISERMOS, POIS É TUDO DA LEI. 


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pensando Moda: Onde foram parar os decotes?

Alô?
Tenho experimentado a moda de maneiras um pouco diferentes nos últimos tempos. Com essa brecha nas temporadas de desfiles - as fotos do NYFW não estão no FFW ainda - minha relação com a indumentária fica mais ligada ao zapping pelos e-commerces da internê, aos blogs do mundo todo e a experiência de consumo de uma compradora muito da enjoada: sou daquelas capazes de entrar numa loja, provar a coleção inteira e levar uma peça só, ou nenhuma, por uma série de motivos perfeitamente justificáveis.

O que acontece é que essa semana, procurando alguns modelos legais de vestidos para levar na costureira, eu, que sou feliz portadora de uma comissão de frente tamanho 48B podendo, portanto, ser reconhecida como uma mulher de peito, me deparei fazendo a seguinte pergunta: Produção, aonde é que foram parar os decotes?

É impressionante como o varejo no Brasil - inclusive a moda carioca (!!!) - parece ter voltado toda sua concepção de coleção para uma modelagem que quando não denigre, simplesmente esconde o busto feminino. Também tenho notado a mesmíssima linha de pensamento tem sido seguida para além-mar, não apenas no ready-to-wear, mas também na alta costura. Coleções de maisons como a Givenchy, conhecidas por suas peças dotadas de decotes bafônicos, apresentaram coleções para o próximo inverno do hemisfério norte completamente fechadinhas e comportadas.

Parece haver uma vontade coletiva de esconder as curvas superiores da mulherada. Mas eu aposto que EU, VOCÊ, CHRISTINA KENDRICKS AND OS BOY TUDO ainda votamos pelo nosso direito de ter peito e usar decote. Não é?
Há de ser o tal do Zeitgeist: Em tempos de extrema exposição a que as pessoas são submetidas ou submetem-se por vontade própria diariamente, como é o caso das redes sociais, o advento dos tais reality shows, e a guerra entre artistas (formadores de opinião) e os paparazzis, nada mais natural do que essa vontade coletiva - ainda inconsciente - de guardar-se, embalar-se, embrulhar-se. É importante chamar a atenção para a preciosidade dos materiais e para a alta dos brocados.Além disto há a valorização de uma forma feminina cada vez mais sequinha: peitinho e pernas esguias são a bola vez para a moda all around the world, totalmente na contra mão da evolução do biotipo da população mundial. É a vitória do look hotpants + camiseta do boy, definitivamente.

Como consumidora, me incomoda que as coleções de verão de um país como o nosso, que ali para Outubro começa a honrar o titulo de "tropical", invista em uma modelagem nada versátil em termos de corte e caimento. Ainda mais no Brasil, onde - drama do plus size à parte - a mulher é naturalmente maior e mais curvilínea e as tais curvas ocorrem de formas completamente diferentes: peitinho, quadrilzão; peitão, cinturinha, quadrilzão; peitinho, tronco largo, quadrilzinho e por aí vai. Continuar fazendo roupa apenas para a galera da genética recessiva - a.k.a modelo de prova da FARM, que é linda, mas vamos combinar né, minha gente, quantos % da população brasileira tem aquele shape?? - e seguindo a mesma linha de pensamento da moda feita no exterior definitivamente não vai nem vender mais roupa, porque não atende a demanda, muito menos exporta a identidade brasileira para o exterior.


O país é um Brasil de mulheres lindas e sensuais, independente do tamanho. Eu quero meu decote de volta sem atravessar a linha tênue entre a sensualidade e o esteriótipo da "piriguete". Por uma comissão de frente livre para o verão! Pode ser ou tá difícil?


terça-feira, 10 de julho de 2012

Afinal, moda pra quê? - Parte 2


No post anterior, falei da dualidade dos sentimentos do mundo em relação à moda, do seu caráter democrático velado por diversos mitos e preconceitos. Expliquei as mudanças que a moda sofreu no pós-guerra e chegamos à formação da sociedade de consumo. Nesta segunda parte, pretendo discutir a evolução do cosumo e da moda, da década de 70 até o final dos anos 80, com a consolidação das grifes enquanto código de riqueza, preparando o caminho que levará a uma resposta para a pergunta inicial deste post: Afinal, pessoal, moda pra quê?

Na década de 70, a moda tornou-se ainda mais diversificada, dividindo-se em duas amplas frentes: roupas clássicas e fáceis de usar e trajes de fantasia. Para o vestuário feminino, há neste período uma quebra da silhueta rígida e triangular da minissaia, substituída pelas linhas longas e esbeltas dos comprimentos midi e máxi, além da crescente dependência que a mulher criava em relação às calças. Paralelamente, a preocupação dos homens com o estilo aumentava.

Neste período, Nova York e Milão, fortificavam sua presença – construída ao longo da década anterior – no cenário mundial da moda, apesar da forte crise econômica gerada pelo aumento de 70% nopreço do petróleo em 1973, o que obrigou a indústria o ritmo. A Guerra do Vietnã chegava a seu fim, mas a violência continuava presente nos conflitos relacionados aos distúrbios raciais e protestos estudantis nos Estados Unidos e em toda a Europa. O movimento feminista tendia a ser antimoda, mas textos a favor da Libertação Feminina, como "Sexual Politics", de Kate Millet, tiveram a influência formadora sobre muitas jovens com consciência de moda e consciência social: o visual “menininha” foi substituído por um estilo mais “adulto”. À medida que a sociedade se tornava progressivamente multicultural, os estilistas também voltavam suas fontes de inspiração para conceitos de vestuário não ocidentais. Com a introdução dos Jumbos no mercado da aviação, as passagens se tornaram mais baratas e as distâncias foram diminuídas, aproximando o mundo e suas exoticidades.


Neste climão de VALE TUDO, os estilistas encontraram inspiração nos acontecimentos mais soturnos. Paralelamente, houve também uma busca (como é comum em tempos de crise) pelo vintage  das décadas de 30 e 40. Num panorama geral, a moda havia se consolidado  como uma questão de escolha pessoal, e não mais um acumulado de ditames.

A década de 80, para muita gente, caracterizou-se como um contraponto direto ao declínio econômico, distúrbios políticos e fragmentação social. Os anos 80 foram prósperos, pelo menos até meados de 1987, com a quebra do mercado de ações.

Estes dois climas muito diferentes viram a ascensão de modas igualmente distintas. O início foi marcado por certo conservadorismo, um “quê” de nostalgia, em que tudo que pertencia ao passado ou considerado “tradicional” era desejável. As decepções com o presente e a desconfiança em relação às inovações tecnológicas se refletiram em muitas coleções, que ofereciam peças que iam do clássico ao retrô: a moda podia ser considerada “segura”.

Num segundo momento, os aspectos mais negativos do período estimularam o desenvolvimento de culturas mais radicais, entre elas o PUNK, nascido em Londres, como uma manifestação de alguns grupos de jovens desempregados e estudantes – principalmente das escolas de arte da capital, reunidos em torno da famosa butique de Vivienne Westwood (sim, aquela que tem uma co-le-ção de colaborações com a Melissa, lembra?) e Malcom McLaren, na King’s Road.


A identidade punk foi formada pela estilização dos próprios punks, os modelos de Westwood e McLaren e a formação dos Sex Pistols (se você não ouviu, OUÇA!, pelo amor de Deus!). Desenvolvimentos similares se formaram na mesma época, tanto nos clubes de Nova York como na cena musical americana, entre cantores como Iggy Pop e Lou Reed. Gradualmente o movimento punk se alastrou para toda a Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente, principalmente o Japão.

Outro aspecto importante da década de 80, o deslocamento para uma moda mais cara e ostensiva, que refletia uma época mais obsecada pelo dinheiro e com maior consciência de imagem, fez com que se tornasse chic assinalar a própria riqueza usando roupas e acessórios de grife. Assim, as grifes proliferaram. As bolsas da Louis Vuitton, as fivelas e botões grandes de Moschino e as bolsas Chanel tornaram-se acessórios tem-que-ter. Esta importância perdura até os dias de hoje, principalmente entre os jovens de classe média, como trampolim para a construção de alguma identidade, em meio a um período tão turbulento e carregado de incertezas.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

AFINAL, MODA PRA QUÊ? - Parte 1



Resolvi escrever este texto pra todo mundo que gosta de moda buscar uma profundidade que vá além do “Look do Dia” – ainda que este tenha abalado as placas tectônicas da moda mundial, como bem colocou Mônica Salgado, editora da Glamour BR – e consiga refletir a respeito desta dualidade absurda que está liga à moda. É também (e principalmente) pra VOCÊ não gosta de moda, acha que não se identifica com ela, ou pensa que é assunto pra gente fútil e desprovida de neurônios que gosta de viver de aparências. É um incentivozinho, pra você enxergar o outro lado, em que a moda é arte, é meio de comunicação instantâneo, cartão de visitas e assim, de leve, o segundo setor que mais emprega no Brasil.

Este post terá três partes, e faz parte de uma tentativa desta blogueira que vos fala, de FAZER DIFERENTE, mas de um jeito SIMPLES e FÁCIL de ler.

Afinal, moda, pra quê?

Tá aí uma pergunta para a qual a reposta - independente do nível de elaboração - custa a convencer quase todo mundo que não é apaixonado por moda.

E por mais que a gente torça no nariz, é compreensível. Se outrora a moda era artifício inerente às habilidades de uma moça prendada (capaz de pintar e bordar, entre outras artimanhas), ou às grandes “Maisons” praticantes da alta costura, hoje ela se esconde por trás do consumo, do boom da indústria, do glamour exagerado conferido por T-O-D-A-S as mídias e principalmente pela vaidade que impulsiona o desejo (leia mais nessa entrevista babado do Flávio Gikovate pra Oficina de Estilo). E foi assim que a moda ganhou esse ar de mistério, se cercou de mitos, tornando-se um conceito que para muita gente é intangível e carregado de preconceito.  É muita gente entendida DE moda, e pouquíssima gente entendendo A moda.

A escritora Valerie Mendes - autora do livro “A Moda do Século XX” -  explica em seu prefácio que “(...) a obsolescência da moda, pela qual as roupas são descartadas antes pelo desejo de novidade estilística do que por razões utilitárias, gera reação apaixonada tanto dos consumidores quanto dos teóricos” fizeram com que a moda fosse ridicularizada, tratada como um fenômeno estético meramente frívolo –“ como está sempre mudando, não pode ter nenhum valor duradouro”.

Na contramão do descarte, a autora conta que a partir de 1900, “a moda passou a chamar a atenção de um leque cada vez maior de acadêmicos, fascinados pela sua significação multidisciplinar e interdisciplinar”. Ou seja, parte da academia passou a achar a Moda não tão frívola e sem valor.
Seus olhos então se abriram para o fato de que a moda é a expressão artística mais POPULAR  e DEMOCRÁTICA de todas, dado que todas as pessoas, sem distinção alguma e a qualquer tempo tem a NECESSIDADE de se vestir  (ninguém quer sair mostrando suas “vergonhas” por aí, não é?) e se adornar (o ser humano tem obsessão pelo conceito de BELO, então já que vai vestido que seja bonitinho, ué).



Essa tal DEMOCRACIA que a moda proporciona leva todo mundo a participar do seu processo de desenvolvimento, experimentando seus prazeres e suas dores – super conectados ao poder de compra, ao desejo de consumo, às mudanças e movimentações sócio econômicas, políticas, culturais, formação de identidade – individual ou grupal – entre outros diversos aspectos.

Esta percepção só ficou bem clara, após o encerramento da Segunda Guerra Mundial, quando a sociedade passou a se preocupar muito mais com a aparência: dá até pra dizer que esta preocupação era resultado de uma mudança de foco, já que os dias tristes de batalha, medo, insegurança e miséria haviam chegado a um fim. O foco agora era a recuperação político-econômica dos países envolvidos no conflito, das cidades destruídas, de levantar e seguir em frente. Tudo isso traduziu-se em uma necessidade de amplitude – a gente pode inclusive inserir o new look da Dior aqui, né? Quer coisa mais ampla do que aqueles saiões? –  impulsionada pela cobertura cada vez maior da imprensa, a era de ouro do cinema e o surgimento, dentro das maisons e dos museus, de um interesse por documentar a moda, como nunca antes havia acontecido.

Mas foi no período compreendido entre o final da década de 50 até a década de 70, que ocorreu o que eu gosto de chamar a Grande Revolução Fashionista. Em 1957, a Europa já se recuperava bem, com a ajuda do Plano Marshall, das carências e privações do pós guerra. Tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, “as estatísticas registravam um mercado adolescente em crescimento, com grande rendimento disponível.” O surgimento deste público trouxe a juventude para o primeiro plano, afinal os jovens não apenas representavam uma nova fatia consumidora da população, mas passaram a ser o protagonistas de uma verdadeira revolução, iniciada com o Maio de 68, na França, passando pelos avanços do Movimento Pacifista nos Estados Unidos, a Ofensiva de Tet – responsável pelo fim da Guerra do Vietnã – e chegando à Batalha da Maria Antônia, como ficou conhecido o conflito entre estudantes da USP e do Mackenzie, em tempos de Ditadura.


A prosperidade e o ritmo frenético de mudanças, teve um impacto dramático sobre a produção e a comercialização de moda. Os jovens se dividiam em grupos, e a moda acompanhava estes passos. Havia, pela primeira vez, surgido o conceito de estilo, advindo de uma formação de identidade de grupo muito forte. Tanta agitação e novidade, fizeram com que o romantismo e o sentimento de amplitude da década de 50 dessem lugar aos tubinhos, ao grafismo, às estampas alegres e floridas e às minissaias de Mary Quant. Aliás, a capital mundial da moda se deslocou temporariamente de Paris para Londres, onde jovens estilistas faziam moda “para o jovem médio da rua e não para poucos indivíduos selecionados e ricos”. A alta costura entrou em declínio, e para não sucumbir, as grandes Casas começaram a expandir suas operações de “ready to wear” além de partir para as opções lucrativas de perfumes e maquiagens.

Neste momento, a moda presenciou o nascimento da era do descartável e do consumismo.

(continua!)

terça-feira, 26 de junho de 2012

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Karma Chameleon por Alexandre Herchcovitch

Queria começar este post dizendo que eu sei o quão clichê é escrever um elogio a um desfile do Alê. Sim, Alê, porque pra quem é fã incondicional deste fucking alicerce da moda nacional, Alexandre Herchcovitch é apenas Alê.

Eu costumo dizer que a gente entende o conceito de sensibilidade quando a arte, em qualquer forma, arranca lágrimas dos nossos olhos. Sabe aquelas lágrimas que não tem a menor explicação? Então, gente, elas servem pra justificar a arte.

Esta semana eu estava assistindo a um mini documentário a respeito de um dos aniversários do Boy George, mais precisamente sobre a confecção do BOLO para o aniversário do Boy George, lá em Londres, por uma confeitaria mega famosa e responsável inclusive pelos quitutes do Jubileu da Rainha Elizabeth. Sim, Boy George tem esse nível de importância, bees! E confeitaria também é arte, tá?

Então, hoje, quando eu abri o Estadão pra ler a entrevista-aula-de-moda-e-visão-de-mercado do Alê, fiquei super ansiosa pra ver qual seria a releitura dele para a obra deste ídolo oitentista que, vamos combinar, é uma verdadeira esquizofrenia de referências visuais, uma loucura sem medidas. Sem falar que, amigas, tudo que remete à década de 80, eu não sei vocês, me dá sérios calafrios.

UMA HORA E QUINZE MINUTOS DE ATRASO e aí eu aqui, pobre, esperando o desfile começar na frente da tela do meu computador, quando de repente ... AI MEU DEUS OLHA QUE LOUCURA SOCORRO QUERO VESTIR TUDO PRA ONTEM. 

Estava tudo lá: 

Na beautè, o cabelo todo cacheado, aquela coisa meio permanente, as sombrancelhas mega marcadas, tudo feito pra dar o CARÃO oitentista. E eu, de maneira inédita, não senti calafrios.

A silhueta folgada, não tão próxima do corpo, uma roupa que veste todo mundo, da modelo com corpinho de cabide até gente como a gente, não tão cabide assim: vai vender que nem água. Mas disso o Alê já sabe, é assim que ele faz a roupa: moda da boa pra vender. 

A cartela de cores, puro Boy George: vou sonhar com o trench coat rosa-choque por algumas noites.

Na estamparia o quadriculado discoteca ia do clássico P&B a variações coloridas, multicoloridas, numa profusão de recortes e mudanças repentinas de cor. Em contraste, a estampa de crisântemos. Desejo instantâneo.

Dava pra ver Alexandre e Boy George de mãos dadas: Se o ídolo estava presente nas cores, na estamparia, na beautè e na música, o corte certeiro e a modelagem impecável características do fã-Alê marcavam a mesmíssima presença, no que me pareceu o equilíbrio perfeito entre inspiração e execução.


Tudo arrematado pelos chapéus de Stephen Jones, responsável pelos chapéus também de Boy George e os sapatos in-crí-veis e moderninhos, que iam de scarpins de bico redondinho com meia pata, passavam por oxfords lindíssimos e terminavam em ankle boots espertas, tudo feito pela Via Uno, em cores que não se repetiram durante todo o desfile.

Se o homenageado não gosta de aparecer em lugares em que não seja a atração principal, Alexandre pode ficar tranquilíssimo: Boy George perdeu uma senhora homenagem, daquelas em que a arte arranca lágrimas dos olhos de quem a aprecia. 



sexta-feira, 8 de junho de 2012

TEMPORADA DE MUDANÇAS!


Que o calendário de moda brasileiro vai mudar, isso vocês já sabem.
Todos os canais de comunicação que tratam do assunto, ainda que por cima, já publicaram essa notícia.
Mas como tudo no mundo da moda, é tanto Tititi em torno dos acontecimentos que a informação nem sempre chega uniformizada pra todo mundo: pra fazer este post eu precisei ler pelo menos notícias de 10 sites diferentes, pra compilar os fatos da melhor maneira possível num resumão dos próximos passos da moda nacional.

O que vai acontecer com o calendário?

Em 2012, teremos três temporadas de moda. A próxima, que apresentará as coleções para o Inverno/2013 acontecerá na segunda quinzena de Outubro, dando o pontapé inicial na grande mudança de calendário: a partir de 2013, as coleções de verão serão apresentadas na segunda quinzena de Março e as coleções de inverno na segunda quinzena de Outubro.

Tá, mas qual a diferença?

Gautas, faz toda a diferença do mundo!  Esta mudança de programação é um sinal de que a indústria têxtil nacional está madura o suficiente para dar o próximo passo e confirmar o espaço já conquistado na moda mundial. A partir de outubro, a temporada nacional estará alinhada com as temporadas estrangeiras, e os desdobramentos deste novo contexto são bastante vantajosos:
  • Do ponto de vista criativo, esse alinhamento tem potencial seletivo: não haverá mais tempo hábil para a produção de meras releituras dos conceitos já apresentados no estrangeiro, ou seja, o debate Cópia X Zeigeist finalmente irá perder força! Te cuida, Patrícia Bonaldi! O novo modelo preserva e incentiva a originalidade e identidade visual criada por estilistas como Alexandre Herchcovitch, Gloria Coelho, Reinaldo Lourenço, Pedro Lourenço (ai, é a Tríade, né?), Fabia Berseck , Oscar Metszavath e Martha Medeiros. 

Alexandre Herchcovitch - Primavera/Verão 2013 - Fashion Rio
  • Para a indústria, a mudança também é positiva, já que o tempo entre a apresentação das coleções e a chegada das peças às lojas se tornará maior (este, aliás, foi o intuito norteador das alterações).  E tempo implica em coleções comerciais bem adaptadas em relação à profusão de ideias apresentadas nas passarelas, implica em uma modelagem mais atenciosa e costuras melhor arrematadas: Ou seja, com mais tempo hábil nós consumidoras teremos acesso a um produto mais bem elaborado, produzido com um nível de qualidade infinitamente melhor. Do outro lado da balança o tempo faz todo mundo trabalhar mais feliz, do estilista a tiazinha costureira no chão da fábrica.
  • Com todos os holofotes internacionais voltados para o Brasil, na iminência da chegada de dois grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, este alinhamento se torna obrigatório e impede que o país se torne um caos devido à colisão de datas, ups, incentiva o turismo e o consumo.

A saída da SPFW da Bienal do Ibirapuera

Não é balela, mas também não será definitiva, pelo menos ao que tudo indica. Ocorre que em havendo a tal terceira temporada de moda, divisor de água entre os modelos de calendário fashionista, programada pra Outubro, a Bienal do Ibirapuera não poderá hospedar o evento pois estará recebendo... tcharã! a Bienal!
Portanto, o pessoal da Luminosidade, responsável pela organização da semana de moda, precisará encontrar outra locação para a apresentação das coleções de Inverno/2013.

Entendeu agora?

Pra quem gosta de moda, pra quem trabalha com moda, pra quem se interessa pelos negócios que envolvem a indústria da moda, espero que este post tenha ajudado a compreender a importância deste próximo passo. Ficaram satisfeitas? Eu estou bastante empolgada para ver como o mercado irá se comportar diante das mudanças!

sábado, 26 de maio de 2012

OH, BOY!!!

A temporada de moda começou com o Minas Trend Preview e nós já estamos em tempos de Fashion Rio!
Preciso dizer que já vi muita coisa bonita, muitas idéias originais (PASMEM!!) misturadas às tendencinhas que saíram das ruas para as passarelas internacionais e agora ficam seus pézinhos no Brasél. 

Das muitas coleções cujas imagens são deliciosas de se acompanhar, a estreante OH BOY, da estilista Thais Losso, uma de minhas artistas preferidas, chamou muita atenção com uma moda fácil de vestir, muitíssimo jovem e antenada! (eike clichê, mas é!)

As referências visuais utilizadas pra construção do universo de verão da OH BOY mistura as vestimentas tradicionais japonesas com a modernidade dos adolescentes que se encontram nos arredores da Estação Harajuku, em Tóquio, com as roupas esportivas das cheerleaders e dos jogadores universitários norte-americanos. 

A direção criativa de Thais mandou muito bem, não se amarrando muito a alguma dessas influências. É claro que estão todas ali: reparem nas estampas de origami, garças e florais, nos máxi acessórios super inspirados na cultura japonesa e na mistura super inteligente do nylon com o couro furadinho aliados à modelagem super esportiva. 


É sim pra ficar maluca esperando a tradução das passarelas para as lojas e correr pra pra adicionar ao nosso armário pelo menos uma peça dessa coleção estreante e já favorita! 


terça-feira, 22 de maio de 2012

O Retorno da Carven

Nessa correria que é a vida, quando entro no FFW para entender o que aconteceu nas últimas semanas de moda, geralmente cometo o pecado de buscar sempre pelas maisons mais "importantes" tanto em termos de brand quanto em termos de "essa marca agrada meu estilo pessoal". 

É uma pena, mas muita coisa nova passa batida, e legal mesmo seria se ao invés de irmos atrás das referências de sempre, começássemos por aquelas que são completamente fresquinhas. Ih, eu acho é que vou mudar meu processo de análise dos desfiles daqui pra frente, pra não deixar novidades bacanas como a deste post passarem batido.

A Carven pode ser velha conhecida das nossas avós, senhorinhas que envelheceram consumindo (ou só admirando mesmo, né?) a marca. Nas últimas décadas, a etiqueta da maison ficou muito desgastada, já que a direção artística passou por diversas mãos e seu nome foi associado a produtos esdrúxulos.

Guillaume Henry, 33 anos, Diretor Criativo da Carven.
Mas isso tudo mudou quando o francês Guillaume Henry recebeu o convite do patron da maison Carven para assumir o posto de Diretor Criativo.
O bonitão, de 33 anos, ex-assistente do ídolo Ricardo Tisci na Ginvenchy, tinha a missão de trazer a marca para o século 21 e recuperar seu prestígio e para isto, começou do zero, rompendo com o histórico couture da casa e abraçando o ready-to-wear pra chamar de seu. A aposta em um público sedento por peças de creatèur sem preços ultrajantes deu certo!

O grande diferencial da nova Carven está no processo criativo: ao invés de injetar informação de moda referente aquilo que chamamos de zeitgeist, Guillaume construiu uma indentidade sólida e incofundível.

Após seu discretíssimo comeback a marca passou de mini apresentações na Semana de Moda de Paris, para desfiles com repescagem (reflita, bee!) para atender a demanda, o primeiro perfume está com lançamento marcado para o ano que vem e as it guéls Blake Lively <3 e Alexa Chung viraram fãs de carteirinha da marca! 
Segundo a crítica especializada, Guillaume é uma das maiores promessas da moda atual. Tudo isso com muito respeito ao passado, já que em seu escritório o estilista mantém um retrato da fundadora da Carven, Carmen Tomaso, ainda vivona e com 103 inacreditáveis anos! Que beleza não é? Em entrevista à Vogue Brasil de Março, Guillaume conta que até chegou a se debruçar sobre o arquivo da maison, mas resolveu se desapegar porque para ele a Carven não tem um legado que se resume a uma determinada silhueta ou a códigos, como acontece com as maisons Chanel, Balenciaga e YSL, mas sim a um espírito fresquinho, elegante e espontâneo. Para ele o importante é manter este perfume. E aqui entre nós, certo ele! 


domingo, 25 de março de 2012

Post rápido: Chanel Confidential Love Letters

XÊNTI, 
post rápido pra falar de algo que eu vi e achei demás
Estava eu fuçando o blog da top maquiadora Lisa Eldridge (a.k.a DEUSA da non-makeup-makeup) e de repente me deparo com essa gracinha de aplicativo da Chanel:


Sabe aqueles letreiros babado da última campanha de beautè da marca? Então, agora você pode usar aquelas letras babado pra fazer a sua própria love letter e mandar prazamiga por email!


Eu até fiz uma aqui pro blog, pra mostrar pra vocês, ó!!


Já pode ficar brincando de mandar recadinhos pras amigas o final de semana inteiro? Então clica aqui. :) 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Pardon My French - por Garance Doré

Muito gostoso de assistir todos os episódios da série Pardon My French, que a Garance Doré tem gravado em suas passagens pelas Semanas de Moda do mundo todo. Aqui embaixo eu deixo pra vocês o episódio da Semana de Moda de NY. Muito legal! 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Inspiração de Inverno

Inverno 2012
É normal os blogs resumirem por aí as "tendências" haha, para a próxima estação. Estava eu montando o meu lookbook de idéias e vontades para o próximo inverno e resolvi dividir aqui no blog, apesar de ser uma atividade super pessoal.
E aí está tudo o que eu já tenho vou ter vontade de usar: transperência na parte de baixo do look, florais delicados, renda, muito brilho e acessórios de cabeça mil, casaquetos, blazer boyfriend (não que tenha aparecido muito nas passarelas, mas me fica tão bem...), jaquetinhas, short soltinho de alfaiataria e camisas de seda! <3 
Pra mim, a parte mais legal de gostar e procurar aprender sobre moda é escolher no meio de uma chuva de idéias que os estilistas colocam no desfiles aquilo que faz mais sentido pra nós mesmos: que combine com a nossa rotina, as nossas referências de estilo (sim, eu que estou novamente apaixonada pelo guarda roupa de Blair Waldorf, pelo som sexy e super cool do The Kills e pela atitude sisuda e modernosa da Rooney Mara recém saída dos sets de gravação de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres) e o nosso life style. É assim que a moda vira algo completamente pessoal e intransferível, que nem documento ou cartão de visitas. 
E eu aconselho todo mundo a fazer isso também! Além do Pinterest, eu uso muito o Polyvore pra fazer os meus boards de referências. Depois fica fácil imprimir e guardar tudo em uma pastinha. 
Assim o simples exercício de pensar no que vestir, no que comprar, como gastar o seu dinheirinho dedicado ao seu vestuário se torna uma forma muito divertida e prazerosa de auto-conhecimento!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Para esperar o inverno: vinho!

Acabado o #tititi das semanas de moda... OH WAIT, ainda está acontecendo a semana de moda de NY. Mas o que eu quero dizer é que eu já comecei a fazer uma longa lista dos meus atualizadores de look e must-have's para o próximo inverno.

O que foi bastante prazeroso, já que eu aprendi a exercitar a compra consciente na liquidação e esconder o cartão de crédito depois e está fazendo um friozinho-do-amor depois que São Pedro mostrou por A+B que ele consegue fazer um verão com todo o calor que tem direito e o que não tem também

E aí que pra mim não existe mais esse negócio de tendência. Porque são tantos estilistas, em tantas semanas de moda, em climas diferentes, com vontades completamente diferentes. A tendência morreu de velha, já dizia Regina musa Guerreiro. O que nós temos hoje são idéias.

E as idéias só se tornam moda quando o povão sai na rua colocando-as em prática e adaptando tudo ao estilo de cada um, super pessoal e instransferível. 

E se a gente cansou de ver calça vermelha para cima e para baixo, agora é a vez do vinho tomar o lugar da cor queridinha do inverno.
Presente em quase todas as cartelas de cores apresentadas pelas grifes estrangeiras na última temporada de inverno, era inevitável que a proposta tivesse sua releitura nas passarelas brasileiras.





Lá fora o vinho saiu do mundinho fashion e ganhou as ruas, aparecendo por vezes em looks inteiros ou criando pontos de interessância quando acompanhados de cores neutras como o preto, branco, cinza, nude e até de tons terrosos, outro tom que será hit da próxima temporada. 







Por isso, meninas, corrão pra criar a sua forma de adaptar essa cor linda pros seu guarda roupas de inverno! 

Uma rápida consideração sobre o Grammy...




Isso é o que eu chamo COERÊNCIA. Lady Gaga (PASMEM!) teve o melhor look da noite, na minha opinião.
De luto por Whitney e, ainda assim, BAPHA no "little black dress" da Versace.