segunda-feira, 11 de junho de 2012

Karma Chameleon por Alexandre Herchcovitch

Queria começar este post dizendo que eu sei o quão clichê é escrever um elogio a um desfile do Alê. Sim, Alê, porque pra quem é fã incondicional deste fucking alicerce da moda nacional, Alexandre Herchcovitch é apenas Alê.

Eu costumo dizer que a gente entende o conceito de sensibilidade quando a arte, em qualquer forma, arranca lágrimas dos nossos olhos. Sabe aquelas lágrimas que não tem a menor explicação? Então, gente, elas servem pra justificar a arte.

Esta semana eu estava assistindo a um mini documentário a respeito de um dos aniversários do Boy George, mais precisamente sobre a confecção do BOLO para o aniversário do Boy George, lá em Londres, por uma confeitaria mega famosa e responsável inclusive pelos quitutes do Jubileu da Rainha Elizabeth. Sim, Boy George tem esse nível de importância, bees! E confeitaria também é arte, tá?

Então, hoje, quando eu abri o Estadão pra ler a entrevista-aula-de-moda-e-visão-de-mercado do Alê, fiquei super ansiosa pra ver qual seria a releitura dele para a obra deste ídolo oitentista que, vamos combinar, é uma verdadeira esquizofrenia de referências visuais, uma loucura sem medidas. Sem falar que, amigas, tudo que remete à década de 80, eu não sei vocês, me dá sérios calafrios.

UMA HORA E QUINZE MINUTOS DE ATRASO e aí eu aqui, pobre, esperando o desfile começar na frente da tela do meu computador, quando de repente ... AI MEU DEUS OLHA QUE LOUCURA SOCORRO QUERO VESTIR TUDO PRA ONTEM. 

Estava tudo lá: 

Na beautè, o cabelo todo cacheado, aquela coisa meio permanente, as sombrancelhas mega marcadas, tudo feito pra dar o CARÃO oitentista. E eu, de maneira inédita, não senti calafrios.

A silhueta folgada, não tão próxima do corpo, uma roupa que veste todo mundo, da modelo com corpinho de cabide até gente como a gente, não tão cabide assim: vai vender que nem água. Mas disso o Alê já sabe, é assim que ele faz a roupa: moda da boa pra vender. 

A cartela de cores, puro Boy George: vou sonhar com o trench coat rosa-choque por algumas noites.

Na estamparia o quadriculado discoteca ia do clássico P&B a variações coloridas, multicoloridas, numa profusão de recortes e mudanças repentinas de cor. Em contraste, a estampa de crisântemos. Desejo instantâneo.

Dava pra ver Alexandre e Boy George de mãos dadas: Se o ídolo estava presente nas cores, na estamparia, na beautè e na música, o corte certeiro e a modelagem impecável características do fã-Alê marcavam a mesmíssima presença, no que me pareceu o equilíbrio perfeito entre inspiração e execução.


Tudo arrematado pelos chapéus de Stephen Jones, responsável pelos chapéus também de Boy George e os sapatos in-crí-veis e moderninhos, que iam de scarpins de bico redondinho com meia pata, passavam por oxfords lindíssimos e terminavam em ankle boots espertas, tudo feito pela Via Uno, em cores que não se repetiram durante todo o desfile.

Se o homenageado não gosta de aparecer em lugares em que não seja a atração principal, Alexandre pode ficar tranquilíssimo: Boy George perdeu uma senhora homenagem, daquelas em que a arte arranca lágrimas dos olhos de quem a aprecia. 



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